Termos integrantes da oração: Aposto e vocativo
Aposto
O aposto é uma expressão de natureza substantiva ou pronominal que se refere
à outra expressão de natureza substantiva ou pronominal para melhor explicá-la ou para servir-lhe de equivalente, resumo ou identificação.
O rio Amazonas deságua no
Atlântico.
Paulo ganhou dois presentes: um
relógio e uma bicicleta.
Clarice, a primeira neta da
família, cursa direito.
OBSERVAÇÃO:
A cidade de Lisboa
O poeta Bilac
O rei D. Manuel
O mês de junho
Este aposto, chamado de especificação, não deve ser confundido com
certas construções formalmente semelhantes, como
O clima de Lisboa
O soneto de Bilac
A época de D. Manuel
As festas de junho
em que de Lisboa, de Bilac, de D. Manuel e
de junho equivalem a adjetivos (= lisboeta, bilaquiano,
manuelina e juninas)
e funcionam, portanto, como atributos ou adjuntos adnominais.
Tipos de aposto
v Aposto explicativo ou identificativo:
Sousa, nosso cabeleireiro,
não trabalha hoje.
Meu pai cortava cana para a égua, sua montaria predileta.
O livro foi escrito por Machado de Assis, uma das maiores glórias da literatura.
v Aposto enumerativo: quando enumera as partes constitutivas de uma
expressão anterior.
Tudo – alegrias, tristezas e preocupações
– ficava logo estampado no seu rosto.
Na sala havia dois alunos que sempre se destacavam: Pedro e Marcela.
OBSERVAÇÃO: O aposto explicativo e o
enumerativo podem vir precedidos das expressões, a saber, por exemplo, isto é, convém a saber (ou
a saber):
Compraram dois livros, convém a saber: o de Geografia e o de
História.
v Aposto resumidor ou
recapitulativo:
Doces, salgados, bebidas e enfeites, tudo preparado para a festa.
Nem distância, nem tempo, nem circunstâncias adversas, nada separa aquele casal.
v Aposto distributivo:
Gonçalves Dias e José de Alencar são grandes escritores brasileiros, um
na poesia e outro (ou o outro) na prosa (um e outro são apostos
distributivos de Gonçalves Dias e José de Alencar).
Se no aposto distributivo usamos os pronomes demonstrativos este
e aquele, o primeiro se refere ao nome ou pronome mais próximo e aquele
ao mais distante:
Gonçalves Dias e José de Alencar são grandes escritores brasileiros, este
na prosa e aquele na poesia.
v Aposto
especificativo:
Rio Amazonas.
O poeta Castro Alves.
O escritor Calor
Drummond de Andrade foi homenageado em nossa escola.
O aposto em referência a uma oração
O aposto se refere não apenas a um termo da oração, mas também a uma
oração inteira.
Depois da prova, José estava radiante, sinal de seu sucesso.
Como aposto de uma oração inteira costumam aparecer o pronome
demonstrativo o ou um substantivo como coisa, razão, motivo,
fato (acompanhados sempre de uma expressão modificadora):
Pediu que lhe fornecessem papel de carta e que lhe restituíssem a sua caneta, o que lhe foi concedido.
A revolução trouxe muitas mortes, coisa lastimável.
Pontuação
no aposto
Normalmente o aposto se separa do termo a que se refere por uma pausa que, na escrita, é representada por mais de um sinal de pontuação.
· O sinal mais comum é a vírgula:
Iracema, a virgem dos lábios de mel, tinha os cabelos negros e longos.
Amanhã, sábado, não sairei.
Uma vez empossado da licença começou a construir a casa. Era na rua nova, a mais bela de Itaguaí.
OBSERVAÇÃO: O aposto só vem entre
vírgulas quando a oração continua depois dele, como ocorre nos dois primeiros
exemplos.
Ø Os dois-pontos aparecem principalmente no aposto enumerativo:
Tudo o fazia lembrar-se dela: a manhã, os pássaros, o mar, o azul do céu, as flores, os campos, os jardins, a relva, as casas, as fontes, sobretudo as fontes, principalmente as fontes!
Apresento-lhes dois bons amigos:
Antônio
e João.
Ø Podem ainda separar o aposto o travessão e os parênteses:
O último romance de Alexandre Herculano – O Bobo – ficou incompleto.
Dois de seus irmãos (José
e Manuel) foram
nossos alunos.
OBSERVAÇÃO: O aposto especificativo não se separa por pausa da expressão a que se
refere, e por isso não vem assinalado por vírgula.
O professor Machado honrou o magistério.
O Imperador Pedro II.
Vocativo
O vocativo é um termo à parte tanto do sujeito quanto do predicado. É
uma expressão exclamativa por meio da qual chamamos ou pomos em evidência a
pessoa ou coisa a que nos dirigimos.
José, vem cá!
Felicidade, onde te escondes?
Ø O vocativo pode vir precedido de interjeição, principalmente ó:
“Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?” (CASTRO ALVES).
Olá, meninos!
Ø
Na escrita, o vocativo vem
normalmente isolado por vírgula, ou seguido do ponto de exclamação.
Tu, meu irmão, precisas estudar!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Ø O vocativo pode ter também função
apelativa e, nesse caso, está ligado ao imperativo.
Tu! – parte! Volve para os lares teus.
Vai, Poeta...
Referências:
BECHARA, Evanildo. Lições de
português pela análise sintática. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2018.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática do português. 38. ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo.
7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.
KURY, ADRIANO DA GAMA. Novas Lições de análise sintática. 9
ed. São Paulo: Ática, 2006.
Projeto: Estudos de aspectos de gramática da Língua
Portuguesa
Professor orientador: Cristina Lopomo Defendi
Texto por: Alice da Silva Dionísio
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