Termos integrantes da oração: Agente da passiva
Agente da passiva
O agente da passiva é o termo da oração que denota
quem praticou a ação sobre o sujeito paciente, aquele que sofre ou recebe a
ação.
Sujeito paciente - recebe a ação expressa pelo verbo
Agente da passiva – Quem praticou a ação
verbal
Ex: Duas colegas foram visitadas por Maria.
A expressão por Maria indica o agente da ação,
Maria foi quem visitou duas colegas.
O
agente da passiva é regido pelas preposições por (per) e de
(sendo esta última de mais raridade):
Isto
foi sabido por todos.
Isto
foi sabido pelo pessoal.
Isto foi sabido de todos.
O agente da passiva se apresenta na voz
passiva do verbo.
Vozes verbais
Chamamos vozes
verbais às formas em que se apresenta um verbo para indicar o sujeito como
agente ou paciente verbal.
Em português temos três vozes verbais: ativa, passiva
e medial.
OBS: A
NGB prefere considerar ativa, passiva e reflexiva.
A voz ativa é a forma
usual simples do verbo pela qual normalmente se indica que o sujeito é o
agente da ação expressa pelo verbo:
Sujeito agente da ação verbal - Maria pratica a ação
de visitar
Maria visitou duas colegas.
Dissemos normalmente,
porque um verbo na voz ativa pode ter sentido passivo, isto é, exprimir passividade:
Os vadios sempre recebem o merecido castigo.
Verbo expressando sentido de passividade,
sentido de que o sujeito sofre a ação verbal.
A voz passiva é a forma em que se apresenta o verbo para indicar que o sujeito é o paciente da ação verbal:
Duas colegas foram
visitadas por Maria.
Alugam-se casas.
Em português, o verbo pode apresentar duas formas para
exprimir a passividade:
- Voz passiva analítica: em que se junta um verbo auxiliar (ser, estar, ficar)
ao particípio do verbo principal. E o verbo auxiliar que marca tempo e
modo:
Fomos procurados pelos amigos.
O artigo estava
assinado pelo chefe.
O colega ficou prejudicado pelo irmão.
Na voz passiva
analítica o verbo pode aparecer em qualquer pessoa e geralmente vem acompanhado do agente da passiva.
- Voz passiva pronominal ou sintética: em que se junta a um verbo o pronome átono se:
Alugam-se casas.
Viu-se o erro da última parcela.
O sujeito do
verbo na voz passiva pronominal é geralmente um ser inanimado, incapaz de
praticar a ação expressa pelo verbo.
Na voz passiva
pronominal o verbo só pode estar na 3.ª pessoa (singular ou plural) e, frequentemente,
não vem expresso o agente da passiva.
O pronome
átono se que se junta ao verbo para formar a voz passiva
pronominal denomina-se partícula apassivadora.
A voz medial consiste no emprego da forma ativa do verbo conjugado
com pronome átono da mesma pessoa do sujeito. A voz medial assume diversas
significações, entre as quais são mais importantes:
- Reflexiva: em que o sujeito pratica a ação verbal sobre si mesmo (pratica e
recebe a ação expressa pelo verbo:
Ele se vestiu.
Nós nos penteamos.
- Recíproca: em que, havendo mais de um sujeito, um pratica a ação verbal sobre
o outro:
Os colegas se abraçaram.
Os noivos se amam.
Nós nos cumprimentamos.
Só os verbos transitivos diretos admitem voz passiva
Rigorosamente
só pode admitir voz passiva o verbo transitivo direto:
Maria visitou duas colegas (voz ativa).
Duas colegas foram visitadas por Maria (voz
passiva).
Nos exemplos,
o objeto direto da ativa (duas colegas) passou a sujeito da passiva, e o
sujeito (Maria) passou a agente da passiva (por Maria).
Nem todo verbo
transitivo direto pode, entretanto, ser construído na voz passiva; é questão de
uso a que nem sempre se aplicam normas rígidas.
Diz-se tão
somente:
Eu quis o
livro.
Creio isso.
Eles puderam
tudo.
Segundo
Bechara (2018, p.184 ‘recurso eletrônico’), repugna ao gênio da língua
empregar:
O livro foi
querido por mim.
Isso é crido
por mim.
Tudo foi
podido por eles.
Transformação da voz ativa em passiva e vice-versa
Ontem o professor repreendeu os alunos.
Na
transformação da voz ativa para a passiva nos interessa três
termos da oração: o sujeito, o verbo e o objeto direto.
O sujeito, porque ele será o agente da
passiva; o verbo, porque sofrerá a transformação da voz verbal; o
objeto direto, que será o sujeito na voz passiva:
Sujeito: o
professor
Verbo: repreendeu
Objeto direto:
os alunos
VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Sujeito: o professor Agente da
passiva: pelo professor
Verbo: repreendeu
Verbo: foram repreendidos
Objeto direto: os alunos Sujeito: os alunos
Os outros termos da oração continuam sem alteração.
Voz ativa: Ontem o professor repreendeu os alunos.
Voz passiva: Ontem os alunos foram repreendidos
pelo professor.
Ø Se, na ativa, o sujeito for
constituído por pronome reto, na passiva passará a pronome oblíquo tônico
equivalente, precedido das preposições por ou de. Por
outro lado, se, na ativa, o objeto direto for constituído por pronome oblíquo
(átono ou tônico), na passiva passará a pronome reto equivalente:
Eu o vi Ele foi visto por mim
VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
Sujeito: eu Agente da passiva: por
mim
Verbo: vi Verbo: foi visto
Objeto direto: o
Sujeito:
ele
Ø Se, na voz ativa, o verbo aparecer na
terceira pessoa do plural, para indicar sujeito indeterminado, a passiva não se
acompanha do seu agente, já que não há agente conhecido:
Roubaram-me
Eu fui roubado
VOZ
ATIVA
VOZ PASSIVA
Sujeito: X Agente da passiva: X
Verbo: roubaram
Verbo: fui roubado
Objeto
direto: me Sujeito: eu
Ø Se a voz passiva é indicada pelo
pronome apassivador, se, para passar à voz ativa basta suprimir este
pronome, e pôr o verbo no plural, se já não estiver:
Alugam-se casas Alugam casas.
VOZ PASSIVA VOZ ATIVA
Sujeito: casas Objeto direto: casas
Verbo: alugam-se Verbo: alugam
Agente da
passiva: X Sujeito:
X
OBSERVAÇÃO: O verbo na 3.ª pessoa do plural serve para indicar
sujeito indeterminado. Já que, na passiva pronominal ou sintética não vem
expresso o agente, não se pode determinar o sujeito da ativa.
Exemplo com verbo no singular:
Vende-se este apartamento Vendem este apartamento
VOZ PASSIVA VOZ ATIVA
Sujeito: este apartamento Objeto direto: este
apartamento
Verbo: vende-se Verbo: vendem
Agente da passiva: X Sujeito:
X
OBSERVAÇÃO: Em alugam-se casas, o verbo, na língua padrão,
obrigatoriamente aparece no plural para concordar com o sujeito (casas).
Já em precisa-se de empregados,
não há voz passiva; de empregados é objeto indireto. O se, neste
caso, é conhecido como índice de indeterminação do sujeito.
Referências:
BECHARA, Evanildo. Lições
de português pela análise sintática. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2018.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática
do português. 38. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova
gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.
Projeto: Estudos de aspectos de gramática da Língua Portuguesa
Professor orientador: Cristina Lopomo Defendi
Texto por: Alice da Silva Dionísio
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