Análise sintática: Sujeito


Chama-se sujeito à unidade ou sintagma nominal que estabelece uma relação predicativa com o núcleo verbal para constituir uma oração. O sujeito não é necessariamente o agente do processo designado pelo núcleo verbal, isto é, pode ser não só aquele que pratica a ação expressa pelo verbo, mas aquele que sofre a ação. O sujeito estabelece concordância com o verbo a que está relacionado. O reconhecimento seguinte do sujeito pode ser feito pela sua posição normal à esquerda do predicado, bem como por responder às perguntas quem? (aplicado a seres animados), quê? o quê? (aplicado a coisas), feitas antes do verbo e também pela concordância.

 

José escreveu uma bela redação.

Quem escreveu uma bela redação? – José

 

O livro caiu.

Que caiu? – O livro.

 

Caíram todos os livros da estante.

O que caíram? – Todos os livros da estantesujeito em posição menos frequente, após o verbo.

 

Sujeito - Núcleo e determinantes

Como já mencionado, o sujeito é a unidade ou sintagma nominal que estabelece uma relação predicativa com o núcleo verbal para constituir uma oração.

 

Sintagma nominal

 

Na oração:

Este aluno obteve ontem uma boa nota, tendo em vista o sujeito, vemos que ele é formado por duas palavras: Este aluno.

 

O pronome demonstrativo este é um determinante (DET) do substantivo (N) aluno, palavra que representa o núcleo da unidade.

Toda unidade que tem por núcleo um substantivo recebe o nome de SINTAGMA NOMINAL (SN).

 

A oração exemplificada apresenta em seu sujeito o sintagma nominal este aluno.

 

Podem ocorrer muitos sintagmas nominais (SN) na oração, mas somente um deles será o sujeito. E quanto à sua posição, na ordem direta e lógica do enunciado, é à esquerda do verbo.

 

O substantivo, núcleo de um sintagma nominal, admite a presença de determinantes (DET) — que são os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos — e de modificadores (MOD), que, no caso, são os adjetivos ou expressões adjetivas. Determinantes e modificadores são classificados como “adjuntos adnominais” na gramática tradicional.

 

No sintagma nominal do sujeito da oração em estudo, temos:

  

Este aluno                       

                       Aluno como núcleo do sujeito

 

Representação do sujeito

 

Os sujeitos da 1ª e da 2ª pessoa são, respectivamente, os pronomes pessoais eu e tu, no singular; nós e vós (ou combinações equivalentes: eu e tu, tu e ele, etc.), no plural.

 

Os sujeitos da 3ª pessoa podem ter como núcleo:

 

· Um substantivo:

Rafaela trabalha como enfermeira.

 

· Os pronomes pessoais ele, ela (singular); eles, elas (plural):

Ele passou no vestibular.

 

Por um longo tempo, eles caminharam no deserto.

 

· Um pronome demonstrativo, relativo, interrogativo, ou indefinido:

Aquilo são manobras sociais.

 

Eis os artistas que representarão nosso país.

 

Quem são eles?

 

Tudo são flores.

 

· Um numeral:

Os três concluíram que seria necessária uma revisão.

 

· Uma palavra ou uma expressão substantivada:

O olhar dela me fascina inteiramente.

 

· Uma oração substantiva subjetiva:

É verdade que sairemos cedo.

 

Sabe-se que tudo vai bem.

 

Tipos de sujeito - classificação

 

  • Sujeito simples

 

Um sujeito é nomeado simples quando possui apenas um núcleo, quando o verbo se refere a um só substantivo, ou a um só pronome, ou a um só numeral, ou a uma só palavra substantivada ou ainda a uma só oração substantiva. É o caso de sujeito dos exemplos citados anteriormente.

 

  • Sujeito composto

 

Um sujeito é composto quando possui mais de um núcleo. Quando o sujeito é constituído de mais de um substantivo, ou mais de um pronome, ou numeral etc.

 

A cegueira e a pobreza lhe torturavam os últimos dias de vida.


Pai e filho conversavam longamente.

 

Eu e o Márcio fomos ao cinema.

 

  • Sujeito oculto (determinado)

 

O sujeito oculto é o sujeito que não está expresso na oração, mas pode ser identificado. Também aparece com o nome de “implícito” ou “desinencial” em algumas gramáticas. A identificação faz-se:

 

· Pela desinência verbal:

 

Precisamos que você termine a tarefa logo.

 

O sujeito de precisamos, indicado pela desinência –mos, é nós (1ª pessoa do plural).

 

Gastei todo dinheiro que tinha.

 

O sujeito de gastei, indicado pela desinência - i, é eu (1ª pessoa do singular).

 

· Pela presença do sujeito em outra oração do mesmo período ou de período contíguo.

 

Ontem à tarde, Maria almoçou em um bom restaurante, festejou a promoção do cargo e depois voltou para casa.

 

O sujeito está expresso apenas na primeira oração. Nas orações seguintes o sujeito (Maria) está oculto, mas podemos deduzi-lo a partir das orações precedentes.

 

  • Sujeito indeterminado

 

Algumas vezes, o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu conhecimento. Dizemos então, que o sujeito é indeterminado.

 

A língua portuguesa procede de três maneiras na construção de orações com sujeito indeterminado;

 

·  Verbo na 3ª pessoa do plural sem referência a qualquer termo, que, anterior ou seguinte, lhe sirva de sujeito.

 

Nunca me disseram isso.

Estão batendo à porta.

 

· Verbo no infinitivo ou na 3ª pessoa do singular com valor de 3ª pessoa do plural, nas mesmas circunstâncias do emprego anterior. Este último uso do singular é menos frequente que o do plural.

 

É bom resolver o problema.

Diz que o fato não aconteceu assim. (diz = dizem)

+Verbo na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome se, originalmente reflexivo, não seguido ou não referido a substantivo que sirva de sujeito do conteúdo predicativo. Nesse caso, dizemos, que o se é índice de indeterminação do sujeito ou pronome indeterminador do sujeito.

 

Vive-se bem aqui.

Lê-se pouco entre nós.

Precisa-se de empregados.

 

 

Oração sem sujeito

 

Em orações como Chove; Não há mais sonhos; Faz frio, considerando o processo verbal em si, não o atribuímos a nenhum ser. Diz-se, então, que o verbo é impessoal; e o sujeito, inexistente.

 

Os principais verbos ou expressões impessoais na língua são:

 

·  Os que denotam fenômenos atmosféricos ou cósmicos:

Chover, trovejar, relampejar, nevar, anoitecer, fazer (frio, calor, etc.), entre outros.

 

Choveu muito na noite passada.

 

Porém, se o verbo indicando um fenômeno atmosférico ou cósmico for usado com um sentido figurado, a oração terá sujeito. Ex:

 

Minha chefe trovejava de raiva.

 

· Haver e ser em orações equivalentes às constituídas com existir, do tipo de:

 

bons livros.

Eram vinte pessoas no máximo.

 

Nas locuções verbais, o verbo auxiliar fica no singular: Poderá haver reuniões mais tarde. Deverá haver aumentos nos preços.

 

· Haver, fazer e ser nas indicações de tempo:

 

cem anos nasceu meu avô.

Faz cinco anos não aparece aqui.

Era a hora da ceia.

É uma hora.

São duas horas.

 

Verbo ser indicando horas, concorda com o numeral: É uma hora; São três horas.


· Fazer nas indicações de fenômenos atmosféricos ou fenômenos devidos a fatos astronômicos:

 

Faz frio aqui.

Faz sol o ano todo.

Faz trinta graus esta tarde.

 

· Bastar, chegar + de (nas ideias de suficiência):

 

Basta de histórias.

Chega de promessas.

 

· Ir acompanhado das preposições em ou para exprimindo o tempo em que algo acontece ou aconteceu:

 

Vai em dois anos ou pouco mais.

 

· Vir, andar acompanhados das preposições por ou a exprimindo o tempo em que algo acontece:

 

Andava por uma semana que não comparecia às aulas.

 

· Passar acompanhado da expressão de exprimindo tempo:

 

passava de duas horas.

 

· Tratar-se acompanhado da preposição de em construções do tipo:

 

Trata-se de assuntos sérios.

 

Da atitude do sujeito

 

  • Com os verbos de ação

 

Quando o verbo exprime uma ação, a atitude do sujeito com referência ao processo verbal pode ser de atividade, de passividade, ou de atividade e passividade ao mesmo tempo.

 

No exemplo:

 

Pedro penteou o cabelo da criança.

O sujeito Pedro executa a ação expressa pelo verbo penteou. O sujeito é, pois, o AGENTE.

 

No exemplo:

 

O cabelo da criança foi penteado do por Pedro.

A ação não é praticada pelo sujeito o cabelo da criança, mas pelo AGENTE DA PASSIVA – Pedro.

O sujeito, nesse caso, sofre a ação. É classificado como SUJEITO PACIENTE.


Já em:

 

Pedro penteou-se.

A ação é simultaneamente exercida e sofrida pelo sujeito Pedro.

O sujeito é então, AGENTE e PACIENTE da ação.

 

  • Com verbos de estado

 

Quando o verbo evoca um estado, a atitude da pessoa ou da coisa que dele participa é de neutralidade. O sujeito, no caso, não é o agente nem o paciente, mas a sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve.

 

Pedro é magro.

Antônio permanece doente.

O porteiro ficou pálido.

 

 

Referências:

 

BECHARA, Evanildo. Lições de português pela análise sintática. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática do português. 38. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.

LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.


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