Análise Sintática: Predicado

O predicado é aquilo que se declara a respeito do sujeito. É obrigatório que haja um verbo ou uma locução verbal na formação de um predicado. Para identificá-lo basta identificar o sujeito da oração1.


  1. Noção de predicado:

Tudo que se difere do sujeito de uma oração é seu predicado.

a)      O pássaro [voa.]

b)      [Choveu durante a noite.]

c)      Maria [comprou flores.]

d)     Nós [enviamos chocolates para a professora.]

Nos exemplos A, C e D temos um sujeito expresso, que está destacado em azul e em seguida temos o predicado, composto pelo verbo (apenas verbo em A) e seu complemento (em C e D). Já em B temos apenas o predicado, isso porque a sentença não apresenta sujeito, portanto a construção da oração nesse exemplo é feita pelo verbo e circunstância de tempo.

  1. O predicado pode ser nominal, verbal ou verbo-nominal:

a)      O PREDICADO NOMINAL é formado por um verbo de ligação + predicativo.

Os verbos de ligação servem para estabelecer a união entre duas palavras ou expressões de caráter nominal, ligam ao sujeito atributos na função de predicativo do sujeito. Funcionam como elo entre este e seu predicativo, com marcas de tempo e modo.


Observação: Existem verbos que ora se apresentam como de ligação, ora como significativos (também nomeados como verbos nocionais), portanto é preciso atentar-se ao contexto da oração a fim de classificá-los com acerto.

 

Exemplos:


Verbos de ligação

Estavas triste.

Andei muito preocupado.

Fiquei pesaroso.

Continuamos silenciosos.

Verbos significativos

Estavas em casa.

Andei muito hoje.

Fiquei no meu posto.

Continuamos a marcha.


b)     O PREDICADO VERBAL tem como núcleo, elemento principal, um verbo significativo.

Verbos significativos são aqueles que indicam ação, acontecimento, fenômeno natural, desejo e atividade mental e podem ser intransitivos ou transitivos2.

 

·         Verbos intransitivos: são verbos que possuem a ação integralmente contida neles, ou seja, são autossuficientes e não necessitam de complementos, por isso não há transitividade neles.

Exemplos:

1.      O menino canta.

2.      Choveu durante a noite.

Notemos que os verbos destacados não necessitam de argumentos. Em 1 temos o sujeito e o predicado expresso, já em 2 temos apenas o predicado, que inclui o verbo e uma circunstância de tempo.

 

·         Verbos transitivos: são verbos que precisam de um elemento para completar seu significado.

Exemplos:

1.      Maria comprou...

2.      Pedro depende...  

3.      Eu não lhe dou...

Notemos que as formas verbais exigem certos termos complementares para concluir seu significado. Como o processo verbal não está integralmente contido nelas, transita por outros elementos, estes verbos chamam-se transitivos.

Os verbos transitivos podem ser diretos, indiretos ou direto e indireto.


verbos que recebem um complemento sem uma preposição obrigatória para ligá-lo ao termo complementar. Esse complemento é chamado de objeto direto.

Exemplo: Maria comprou as flores.

Notemos que o verbo não tem um total significado sem o objeto direto que aparece em seguida, nem a necessidade de um elo de ligação entre os termos.

Para identificar o objeto direto da oração é necessário buscar seu correspondente, então podemos colocar, após o verbo, um questionamento.

Exemplo: Maria comprou (o quê?) – as flores.

Portanto, as flores é classificado como objeto direto.

 

2.      Verbos transitivos indiretos: são verbos que recebem um complemento e que necessitam de uma preposição obrigatória para a união dos termos, portanto essa ligação ocorre de maneira indireta. Esse complemento é chamado de objeto indireto.

Exemplo: Pedro depende da mãe. 

O verbo necessita de um complemento e este não aparece de forma direta, necessita de uma preposição.

Também é possível introduzir um questionamento após o verbo para identificar o objeto indireto, entretanto é preciso lembrar de fazer um questionamento preposicionado.

Exemplo: Pedro depende (do quê?) – da mãe.

Portanto, da mãe é classificado como objeto indireto.

 

3.      Verbos transitivos direto e indireto ou bitransitivos: são verbos que recebem um complemento e que necessitam, simultaneamente, de dois termos para que seu sentido seja completado: um objeto direto e um objeto indireto.

Exemplo: Nós enviamos as flores para a professora.

Nesse caso, o questionamento possível para o verbo é:

Nós enviamos (o quê?) – as flores (para quem?) – para a professora.

Portanto, as flores é classificado como objeto direto e para a professora é objeto indireto.

 

c)      O PREDICADO VERBO-NOMINAL tem dois núcleos em sua formação, sendo um verbo significativo e um predicativo ou do sujeito ou do objeto. Este predicado apresenta dois termos diferentes com igual estatuto nuclear: verbo nocional e qualidade.

Exemplo: A criança brincava distraída.

Notemos que o verbo é intransitivo, não necessita de complemento. Portanto, o que se segue é um predicativo do sujeito, pois o termo está ligado diretamente ao sujeito da frase.

Exemplo: A criança brincava.

A criança estava distraída.

O núcleo do predicado verbo-nominal é o verbo e o predicativo. Na oração, temos brincava e distraída como núcleo e classificamos o predicado como verbo-nominal.


1 "À exceção do vocativo, tudo o que, na oração bimembre, não é sujeito ou não está no sujeito constitui o PREDICADO, termo que contém a informação nova para o ouvinte." (KURY, 2006, p.26)

2 Um mesmo verbo pode ser usado transitiva ou intransitivamente, principalmente quando o processo verbal tem aplicação muito vaga: Eles comeram maçãs (transitivo). / Eles não comeram (intransitivo). (BECHARA) 

REFERÊNCIAS

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática do português. 38. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 7. Ed. Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital, 2017.

KURY, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática. 9. Ed. São Paulo: Ática, 2006.

 


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